O Cemitério da Tocha - que descobri, recentemente, ter sido mandado construir por um antepassado, o meu Tio-Trisavô Manuel Maria D'Andrade - reuniu, hoje, dia 10 de Novembro, dezenas de pessoas em oração pelas almas dos finados.
Soube, poucas horas antes, que iria ser celebrado o "Dia das Almas" - assim me foi transmitido o nome do evento - que começaria com uma missa na Igreja de Nossa Senhora D'Atocha e prosseguiria com uma romagem ao lugar de eterno repouso. Confesso, só conhecia os dias litúrgicos de "Todos os Santos" e dos "Fiéis Defuntos", assinalados a 1 e 2 de Novembro, respectivamente.
Um tanto (muito!) afastada dos ritos religiosos não deixo, ainda assim, de celebrar algumas ocasiões conotadas com o catolicismo. Gosto da ideia de tradição, de ancestralidade e de uma sensação q.b. de catarse. Aprecio, sobretudo, observar essas (como outras) manifestações culturais. Não quero com isto dizer que sou agnóstica, pelo contrário, considero-me até um ser bastante espiritual e crente numa Energia Superior. Simplesmente, não lhe atribuo um nome, nem me guio por regras ou sequer sigo escrituras. Há, eventualmente, alguma teoria desta ou daquela religião com a qual eu concordo, alguma oração ou dogma que fazem para mim algum sentido. Acredito, de resto, na existência da Alma e na sua imortalidade.
Por outro lado, há algo que me atrai para o fúnebre e para o mistério em torno da morte. O facto é que desde criança que gosto de passear em cemitérios, vendo neles uma beleza estranha e inexplicável. Talvez pelo silêncio sepulcral, pela sensação de paz extrema que transmitem, pelo desconhecido ou, meramente, por serem os lugares onde eu me sinto mais viva!
Tenho um fascínio - que alguns acharão tétrico - pelas ciências forenses e médico-legais e tenho uma admiração especial pela forma descontraída com que certas culturas vêem a morte. O mexicano "Dia de los Muertos" é disso exemplo. Celebrado entre 31 de Outubro e 2 de Novembro, - a par com as tradições católicas - este tem a particulariedade de ser em formato de festival, talvez o mais animado do México. Afinal, segundo se pensa, os mortos vêm visitar os parentes nessa altura e, para os receber, a ocasião é festejada com música, comida, as populares caveiras de açucar e altares enfeitados com velas e crisântemos coloridos.
Para finalizar volto ao tema principal, o proclamado "Dia das Almas". Mea culpa, não sabia que tal celebração existia! Após uma breve investigação, descobri que, no catolicismo, o mês de Novembro é "consagrado ao sufrágio das almas do Purgatório" e o dia 10 é o dia da "Esperança" para que as almas sofredoras encontrem a "Luz". Por isso, dirigem-se as preces para essas "Alminhas" (nome usual no nosso país) para que se possam "purificar" e "subir" ao "Céu".
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Tia-Bisavó Luisa Jorge Azenha |
Trisavô José Maria Andrade |
Tio-Trisavô Manuel Maria D' Andrade |
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