Demoramos por cá uma indefinida escassez de tempo que não dá sequer para ver algumas coisas: somos meros visitantes do mundo, forasteiros solitários, efémeros hóspedes que jamais conhecerão o pequeno grande habitáculo… Como não sabemos quando é a nossa viagem de regresso ao “Lugar Incógnito”, só temos que nos instalar por aqui, erguer o nosso lar e fazer algo que legitime a nossa brevidade! Para isso, temos que AMAR: 1) Amar a nossa existência no “Lugar Emprestado”; 2) Amar os outros que partilham a mesma condição de “Seres Transitórios”; 3) Amar as coisas que construímos e imortalizar nelas o nosso AMOR! Há que VIVER os Hojes e os Agoras, sem aquele constante incómodo no estômago estimulado por pensamentos carregados de formas verbais de futuro, impregnadas da “Única Grande Certeza” ou, ainda, de lamentações e culpas do passado. Os tais que paralisam o simples acto de Sorrir porque o sol nasce e ilumina a janela do quarto, ou porque a noite está resplandecente de luar... Perder – a “Grande Atrocidade da Morada Provisória” – é algo que nos é inerente e que dói como se nos sugassem a alma pelos poros! Jamais aceitaremos lei tão desleal! O vazio e o luto permanecerão ao longo da nossa “Curta Estadia” e irão na bagagem aquando da nossa partida! Porém, há algo no passado que embora não solucione atenua levemente o sofrimento: a Recordação – aquela que não devolve, mas que nos afaga ao evocar os Bons Momentos vividos numa sucessão de Presentes em que fomos felizes! Aqueles que perdemos apenas desapareceram fisicamente, basta olhar para o nosso âmago para o perceber – contemplar como quem é cego, pois só quem abdicou do órgão da visão, encontrou o mundo dentro de si mesmo – e veremos que eles estão lá, mais próximos do que nunca! E no nosso íntimo as suas vozes suplicam: Não chores, ama a vida e saboreia o tempo que te resta! Talvez um dia tenhamos a recompensa...
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