segunda-feira, 17 de junho de 2013

Almas Duplas

Finura na face
Semblante alongado
Feições de uma elegância forçada
Uma postura que se retrai e se resguarda
Debaixo de uma burca imposta...
Por um puritanismo mentiroso
Falsa decência,
Falsa naturalidade,
Falsa ingenuidade…
Valores contrafeitos!
Palavras contidas,
Gestos e costumes meticulosos
Que causam perigosa admiração
São como certas flores
Delicadas,
Inofensivas a olho nu
Porém, as mais venenosas!
Encontrei algumas assim…
Quis colhê-las,
Quis cheirá-las…
Deixei-me iludir…
Vivi um encantamento fugaz
Até que certo dia…
Acordei da inércia do crer
E ainda meio entorpecida
Destapei o véu do equívoco
E vi que não existem almas verdadeiras
Existem almas socialmente correctas…
Almas duplas que se constroem com um único propósito: o de enganar.
Enganar o outro e a si mesmas.

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