quarta-feira, 8 de maio de 2013

Mãe: Temo, mas não abdico

Desculpa se não correspondo ao milagre
Com o qual fantasiaste dias e noites,
Meses a fio…
Enquanto me albergavas em teu avassalado ventre.
Sei que lutaste por mim e continuas a lutar!
E cada vez que tombo ainda tenho em tua mão,
Aquela segurança materna:
Uma doce fusão de firmeza e ternura.
Aquela mão redentora que me ergue
Dos escombros onde tropeço,
Movida por passos errantes.
Aquela mão que me afaga e protege,
E me agasalha num único gesto.
Vejo que me confias toda a tua esperança,
E que esboças em mim traços de êxito e felicidade.
(Quando me fitas com aquele olhar.
Aquele, mãe!
Que me sabe elogiar
E também repreender)
Admiro a extraordinária força
Que transportas com elegância.
Que audácia inesgotável!
Que se desdobra e renova a cada obstáculo.
Temo, mãe!
Temo, não conseguir ser o desenho sublime que projectaste.
Trago comigo o receio de um dia
(talvez…)
Não ser capaz de usar as mesmas tintas,
De edificar os mesmos pilares.
Temo, mãe!
Temo, mas não abdico.
Porque um dia me ensinaste a persistir.

Rosita

domingo, 5 de maio de 2013

Hora Espinhosa

Avó:

Há um ano,

por esta hora espinhosa

Os ponteiros ressoavam

marcados, tortuosos!

Os hiperbólicos segundos

ecoavam por toda a casa

(onde já não voltarias)

A sentença da tua ausência..

pairava num ar carregado,

a ansiedade dilacerava-me...

Era uma questão de espera,

não de esperança,

essa morreu primeiro!

Era ténue o fio que nos ligava…

Já nos tínhamos despedido

(embora não o aceitasse, sabia-o)

O velho relógio da sala nunca parou…

e três dolorosas badaladas

ditaram a tua partida

A ruidosa tríade...

ainda brame no meu peito

Estremeço!

Puseste o “casaquinho pelas costas”

Foste embora!

Ainda não consigo recordar-te,

sem que a minha alma sangre…

Hei-de ser capaz!

(Como dirias: "Desculpa qualquer coisinha"!)